Pessoas pequenas

Quanta delicadeza se consegue ver nos gestos abruptos de uma criança.
Observando a Maria Clara brincando no parque, no último domingo, pude sentir a leveza daquela alminha pura, cheia de ideias inocentes de felicidade. Os olhos azuis e vivazes refletiam encantamento diante de mínimas descobertas, que, muitas vezes, são cotidianas e banais para nós, adultos. Falta-nos curiosidade, falta-nos perguntar o porquê de certas coisinhas. Perguntamos errado.
As crianças não. Elas são objetivas e claras. Limpas e livres.
- Por que tu tá de manga "turta", tia Su? - perguntou a pequena.
Era um dia quente. Para os grandes, a obviedade diante da questão seria digna, até, de certa intolerância. Mas para ela, não. Não estava tão calor, ela estava meio doentinha e, portanto, sua mãe havia vestido-a com um casaqueto mais protetor. Só que ela não entendia. Questionou.
- Porque a tia Su é grande e não precisa se agasalhar tanto. Como você é pequenininha, tem que usar mais roupa. - respondi.
Para ela bastou. Foi suficiente para que entendesse a condição sem o mínimo de comiseração ou questionamento. Ela continuou brincando, se movendo, vivendo tranquila.
Como eu gosto de conviver com essas pessoinhas. Sempre se aprende e se sente alguma coisa boa.
Quero, um dia, resgatar pra sempre a leveza que acabei esquecendo, aos poucos, no caminho. Certamente vou contar com a ajuda da Maria Clara. Quero ser grande, ter coração gigante, mas uma alma de criança.

Primaverno

Hoje é um típico dia frio, em que queremos um lugar tranquilo para ler um livro. Porque chove chuva, chove sem parar.
Mas quando a chuva passar, quando o tempo abrir, onde tiver sol, é pra lá que eu vou.