A Cachoeiro da minha vida

A Cachoeiro que eu me lembro tem a intensidade da adolescência e a leveza da infância e não volta mais. Tem o gosto da Skimone depois da escola e o cheiro de mofo das tardes pesquisando na Casa dos Braga. Quando a pesquisa tava empolgante demais, as tias do lugar vinham fazer xiu pra gente. Na época era chato, mas, no fundo, divertido.

A Cachoeiro da minha vida tem os desfiles Garota e Garoto Estudantil – inicialmente no Shopping Cachoeiro e depois no Jaraguá –, que reuniam na passarela os mais bonitos dos colégios da cidade e onde a gente encontrava nossos ficantes, descobria novos amores ou se escondia dos que a gente não queria mais. A cada mês, uma escola diferente enviava seus alunos às passarelas. Era o evento mais esperado de cada mês. No dia seguinte não tinha outro assunto. Quem ficou com quem, quem ganhou o desfile sem merecer, quem te quis e você não quis sem querer. O recreio ficava pequeno e o papo invadia as aulas (como se em outros momentos fosse diferente...).

Tem também os Jogos Estudantis, sempre no Ginásio Municipal, que nos garantiam uma semana de aula pela metade e um monte de paquera. A gente ia pro ginásio naqueles ônibus velhos da prefeitura e fazia torcida pros times da nossa escola. Quase sempre voltávamos pra casa com um chiclete colado no uniforme e uma estória divertida pra contar ou pra guardar. Foi num desses que eu ganhei meu primeiro beijo. É, eu ganhei, foi um troféu pra minha meninice – talvez pro início do fim dela.

A Cachoeiro que eu me lembro virava festa no mês de junho, todo mundo ia atrás de comprar roupa nova pra ir à Exposição, cuja exposição propriamente dita era foco de poucos. O interesse mesmo era nos shows que a Prefeitura trazia, quase sempre eram com portões abertos, como diziam nos comerciais. Sempre um pai ou uma mãe ficava responsável por levar nosso grupo. Não rolava independência. A gente torcia pra eles deixarem a gente “dar uma voltinha” na festa e voltar com hora marcada. Rédeas curtas, mas sempre dávamos um jeitinho. Que tempo bom.

Nos finais de semana, porradinha e cu de burro eram os refinados drinques que faziam nossa alegria nos churrascos na garagem de casa. Era um monte de amigas que se amavam e sabiam que aquilo ia durar bem pouco. Afinal, a gente tava crescendo.

Meu coração e minha saudade eu dedico à minha terra. Lugar que me fez, me formou e pra onde eu sempre vou voltar. A Cachoeiro que eu me lembro é pequena, bairrista, provinciana e quase nunca oferece algo pra fazer. Mas é minha.

Quatorze de fevereiro

Que data essa - 14 de fevereiro.
Dia Internacional do amor. Dia de São Valentim.
Bodas de algodão (doce). Dois anos de casamento, um amor sempre em evolução.
Quatro anos que Porto Alegre me adotou. Quatro anos que vivo alegre no porto da saudade.
Aprendi muita coisa nesses dois anos de casada, aprendi tantas outras nos quatro longe de casa. Aprendi paciência, aprendi novos amigos, aprendi a não passar tanto frio no inverno gaúcho (por dentro e por fora do corpo), ainda não aprendi a matear, mas, quem sabe um dia...
Ensinei um pouco também. É legal poder falar um pouco das belezas do Espírito Santo numa terra que quase ninguém, em tempo algum da vida, pensou em visitar o meu estado, Cachoeiro, então (é CachoeirO dE Itapemirim)... Meu sotaque capixaba (sim, amados conterrâneos, nós temos sotaque!) ainda é percebido, embora o "bah" já faça parte do meu vocabulário. A osmose da cultura é algo inevitável.
Agradeço a Deus pela vida bonita que ele me deu, pelas pessoas lindas com que me presenteou e por mais um 14 de fevereiro na minha vida. Ele tá de parabéns, tem feito um baita trabalho.

Você só tem uma mãe

3 anos: "Mamãe, te amo." 
11 anos: "Mãe, não enche." 
16 anos: "Minha mãe é tão irritante." 
18 anos: "Eu quero sair de casa." 
25 anos: "Mãe, você tinha razão." 
30 anos: "Eu quero voltar pra casa da minha mãe." 
50 anos: "Eu não quero perder a minha mãe." 
70 anos: "Eu abriria mão de TUDO pra ter minha mãe aqui comigo." 
Você só tem uma mãe.
(texto da Pollyana Machado)

De 2010 a 2011

Não pus muita expectativa em 2011. É que 2010 foi intenso, tenso, denso. Parece que uma década rodou em 365 dias. Em 2010 foi tudo muito. E só agora percebo que desde 2005 minha vida não parou de mudar. Cada ano teve uma guinada diferente e importante:
2005 - Conheci o Márcio.
2006 - Decidi vir morar em Porto Alegre.
2007 - Mudei para Porto Alegre. Trabalhei na Ulbra. Conheci novos e grandes amigos. Ganhamos um carro.
2008 - Saí da Ulbra. Comecei no Grupo de Diários. Aprendi a dirigir em Porto Alegre. Casei.
2009 - Casei de novo. Comecei na Pmweb.
2010 - Recomecei na Pmweb.

Não sei, nem quero saber o que 2011 está me preparando. Não fiz promessas, não tenho metas e, como já falei, não pus expectativas. Só um objetivo: viver o ano bem pra caramba! Porque ele é único e não volta nunca mais!

Capital secreta do meu mundo


Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:“Eu sou lá de Cachoeiro...” (Rubem Braga)

A mentira e as verdades do Natal

Papai Noel. A gente nunca devia mentir desse jeito para as crianças. É feio. Porque até certa idade, nós, adultos, somos a fonte de confiança do mundo dos pequenos. E aí a gente inventa um Papai Noel pra vida deles. Crença mais sem propósito. Tão bonito dar presente. Tão gostoso ver o sorriso e o brilho verdadeiro do olhar de uma criança ao ganhar um brinquedo. E por que não podemos dizer que fomos nós, pais, tios, avós que compramos e escolhemos com amor o objeto que tanto elas gostaram? Por que os presentes têm de vir de uma lenda?

"Filho, Papai Noel não existe. Jesus é que existe, aqui dentro, no seu e no meu coração. É Natal porque há muuuuito tempo atrás nasceu um bebezinho chamado Jesus que veio ensinar o amor ao mundo. Natal é aniversário de Jesus. Os presentes que você ganhou fomos nós, eu e o papai que compramos, porque nós te amamos muito e queremos te ver feliz. O Papai Noel foi inventado por pessoas que só querem ganhar dinheiro." Pronto. Simples, puro e verdadeiro.

Não, eu não sei se vou conseguir dizer ao meu filho que o velho barbudo não existe. Mas vou ensinar a ele que Natal, de verdade, é outra coisa. Bem maior que brinquedos e grandes festas. E na minha casa vai ter árvore de natal, mas também um lindo presépio, que as crianças vão ajudar a montar. Enquanto a gente organiza a cena do nascimento de Cristo, eu vou contar pra elas toda a história, ano após ano, e enquanto elas quiserem participar desse momento. Aí vai ser questão de tempo pra eles descobrirem, sozinhos, que o Papai Noel é uma grande mentira de Natal.

Nova de novo

Hoje termina mais uma idade. E amanhã tem outra. E depois mais uma e de novo e de novo. Tomara que tenham muitos e muitos de novos daqui pra frente.

Amanhã começa uma nova eu. Porque a cada aniversário a gente nasce. E a cada aniversário a gente morre também. Quero que morra em mim tudo que não é azul, nem bonito, nem feliz. E quero renascer mais entusiasmada, engraçada e mais magra (!) - porque gordura tá na cabeça da gente.

Em poucas horas será o meu aniversário.
E vou estar no lugar exato onde minha vida tem mais cor, mais sabor e, literalmente, mais calor. De uns tempos pra cá, a data mais importante do ano costuma ser também a mais triste. Na idade nova, quero querer que isso mude também. Afinal, o certo é ser feliz em qualquer lugar.

Minha vida tá boa como tá e eu sou feliz como sou, aos 25. Acontece que isso acaba, e, aos 26 as coisas passam a ter uma idade diferente também.

Amanhã começa uma nova eu. E eu quero ser mais!